sábado, 5 de janeiro de 2013

#48

O mesmo cheiro. A mesma maneira de mexer os dedos de um jeito esquisito. A mesma forma de olhar com o queixo um pouco inclinado pra baixo. Os mesmos provérbios que sempre custo entender. O mesmo sorriso sarcástico e o mesmo tom crítico. As coisas não mudam mesmo. Até mudarem.

#43

Cada um gritando mais alto que o outro. A altura aumentando proporcionalmente ao tamanho da vontade de sair e sentar na calçada. Mas sempre o que mais doía era a forma como tudo voltava ao normal depois. De um jeito tão irônico, que só servia pra me tacar na cara como tudo aquilo aconteceria novamente. E eu sabia. Mesmo com os olhos bem fechados, mesmo as vozes estando abafadas pela porta encostada, eu sabia que aconteceria quantas vezes a falta de bom senso pudesse permitir.