quarta-feira, 28 de setembro de 2011

#28

Não pense que os meu gritos foram feitos para te assustar. Não se importe com meu choro. E muito menos com os soluços. Vai andando, vai. Segue adiante. Eu vou engolir tudo e, se não virar um câncer e um dia me encontrarem morta, eu volto a te procurar. Se ainda quiser, te dou o tal perdão.

#27

E cada gotinha de chuva tamborilava um tom diferente naquela latinha caída no quintal. Cada pedaço de sol que entrava na varanda virava uma cor refletida na parede ao passar pelo prisma que a vó tinha pendurado perto da janela. Um arco-íris corria pelo céu enquanto alguma viúva de certo casava com algum espanhol. O cheiro vindo da cozinha se enroscava no nariz da gente, feito o gato da vizinha se enroscando nas nossas pernas. E a rede balançava... Que nem um barco balança no mar. Eu deitada, quase que dormindo, ficava só esperando. Esperando a rede aportar em algum cais.

#26

Ele seguiu todo aquele protocolo. Deu beijinho e na hora até se empolgou. Prometeu, no calor do momento, todo o amor que pudesse dar. Sem explicar bem quanto era. E bem verdade que nem era todo aquele, sabe. Mas no olho dela viu um sorriso. Um sorriso imenso de mãos dadas com muita esperança e percebeu o que havia feito. Tarde demais. Ponderou as consequências das palavras já ditas, analisou tudo. E corajosamente fez o que julgou ser o óbvio a ser feito. Mudou a entonação da voz para grave, pregou na boca um sorriso que dizia ser sincero. E repetiu tudo para ela. Até a parte em que falava do amor.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

#25

Lembro direitinho deu criança sentada no colo da mãe. Você é feliz? Ela perguntou. E o que sinto é saudade da não hesitação com que respondi.